Os tiques funcionais são uma manifestação rara do espectro dos distúrbios neurológicos funcionais. A semelhança fenomenológica com patologia orgânica e simulada coloca importantes desafios diagnósticos, mas não devem ser considerados diagnóstico de exclusão. Recentemente têm-se observado surtos de tiques bizarros súbitos em raparigas adolescentes durante o confinamento imposto pela pandemia COVID-19, cujo surgimento parece relacionado com a utilização da aplicação TikTok e para os quais pretendemos alertar, através de um caso clínico ilustrado com vídeo.

“Precisava mesmo de perceber o que se passa com o meu filho”, “a professora já alertou para alguns aspetos, mas não queria que ele faltasse às aulas”.

Se para alguns pais, os despistes e as avaliações psicológicas fazem parte, quase, de uma rotina de ano letivo, outros há que preferem chegar aos períodos de férias e anteciparem-se aos pedidos dos diretores de turma, às disponibilidades em horário letivo e à crescente escassez de vagas para consultas. Para ambos, a prioridade é a mesma: compreender acima de tudo (e, se caso disso, diagnosticar) os sintomas ou queixas atuais dos filhos. Para quem os avalia, a urgência é a de dar resposta ao pedido, tendo em conta o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças, a sua dinâmica familiar e relacional e ainda, as características dos contextos nos quais estão inseridas.

Mas, afinal, em que consiste uma avaliação psicológica e qual a sua importância? Trata-se, fundamentalmente, de um processo compreensivo, que é realizado através do recurso a protocolos válidos, atualizados e fundamentados do ponto de vista científico, e que deve responder a necessidades objetivas de informação. As hipóteses geradas pela avaliação psicológica podem ser sobre o funcionamento intelectual (ex.: perturbações do neurodesenvolvimento), características da personalidade (ex.: contextos educativos), aptidão para desempenhar uma tarefa ou um conjunto delas (ex.: orientação vocacional), entre outras possibilidades. Após a realização desta avaliação, é necessário interpretar os resultados tendo em conta não só o objetivo da mesma, mas também as variáveis que os testes e instrumentos implicam, as características de quem é avaliad0 e as situações ou contextos que possam estar a interferir.

Em suma, a avaliação psicológica permite-nos compreender a estrutura da personalidade e o funcionamento mental de cada um, tendo em consideração a sua realidade biopsicossocial. Através desta, é possível aceder às competências cognitivas, aos recursos emocionais e afetivos, e a muitas outras dimensões da psique. Embora, como referido, a avaliação psicológica possa ser feita com recurso a diferentes instrumentos e técnicas, esta é sempre centrada na pessoa. Ou seja, os testes e instrumentos são apenas ferramentas e formas auxiliares de estabelecer um diagnóstico. Cada indivíduo é único e singular, existindo múltiplos fatores que interferem na sua vida que não são quantificáveis mas que podem ser auscultados ao longo de um contexto relacional devidamente estabelecido entre o terapeuta e a criança ou jovem.

No Instituto Belong defendemos a sinalização e intervenção precoces e acreditamos que todas as questões de pais e professores merecem ser valorizadas pelo que, caso tenha alguma dúvida ou inquietação, não hesite em aconselhar-se!